“Ainda é um bocadinho estranho para mim toda esta atenção. Quando comecei a jogar lá sabia eu que me ia meter nesta alhada. Nunca fui de puxar as atenções para mim, eu sempre estive muito na minha, mas é ótimo o reconhecimento que tem havido para o ténis nacional, que merece um patamar diferente na atenção dos portugueses”, frisou.
À chegada ao aeroporto de Lisboa, proveniente de Copenhaga, capital da Dinamarca, a cerca de 150 quilómetros da cidade sueca de Bastad, onde se jogou o torneio, o tenista da Maia expressou aos jornalistas o “alívio gigante após a tensão acumulada no jogo”.
“Aconteceu tudo tão rápido e sinto um alívio gigante. Estou muito feliz, a emoção está a começar a bater e estou a aperceber-me do que está a acontecer. Já soube lidar com momentos não tão grandes como este, mas que me ajudaram a saber lidar com isto. O ténis é mesmo assim, é uma loucura por vezes e ontem foi exemplo disso”, sublinhou.
Nuno Borges venceu a final por 6-3 e 6-2, ao fim de uma hora e 27 minutos, batendo o ‘lendário’ tenista espanhol Rafael Nadal, com 38 anos, vencedor de 22 títulos do Grand Slam, várias vezes líder do ranking mundial e considerado ainda o ‘rei da terra batida’.
“Lembro-me de estar a aquecer com ele e a pensar que o costumo ver tantas vezes na televisão a jogar e, agora, estou realmente a jogar contra ele. Era tudo muito surreal e tentei só desfrutar ao máximo de um estádio cheio, num grande torneio e numa final contra o Nadal, o melhor de todos os tempos em terra batida. Correu bem”, apontou.
Depois de uma temporada de relva que não correu como esperado, Nuno Borges não esperava alcançar a final da competição e nem nos melhores sonhos imaginou que a primeira conquista no circuito seria perante um dos melhores tenistas da modalidade.
“Nesta fase, o Nadal já não estava a competir tanto e já era uma raridade encontrá-lo em qualquer torneio. De repente, estava a jogar uma final completamente inesperada, até porque não estava à espera de estar na final e muito menos contra o Nadal”, disse.
Agora, seguem-se os Jogos Olímpicos Paris2024, para onde deverá viajar já esta terça-feira, segundo revelou, após desistir da participação no ATP de Kitzbühel, na Áustria, durante esta semana, mas refreando a possibilidade de ter maiores expectativas em si.
“É possível que as pessoas tenham expectativas maiores, mas o ténis diz-nos todos os dias que não há nada garantido e todos os dias temos de provar. A verdade é que saio daqui com um título e as pessoas olham muito para isso, mas o processo foi igual, não fiz nada de diferente e não houve nenhum segredo. Da mesma maneira que acabei a semana passada sem o cariz muito alto, saio daqui completamente diferente, mas com os pés na terra. Não estou diferente e vou ter de lutar por todos os jogos”, assegurou.
Aos 25 anos, Nuno Borges está na melhor classificação da carreira no ranking mundial, ao ascender ao 42.º posto, sendo apenas o segundo tenista português a arrebatar uma competição do circuito principal internacional, após João Sousa, que venceu quatro vezes (Kuala Lumpur em 2013, Valência em 2015, Estoril em 2018 e Pune em 2022).