Novos depoimentos colhidos pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo indicam a suposta influência do vereador Senival Moura (PT) sobre a Transunião, uma empresa de ônibus da zona leste da capital paulista. A empresa está sendo investigada por ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa do país. As informações são do site Metrópoles.
Senival Moura, que tenta a reeleição para a Câmara Municipal e apoia a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo, é suspeito de envolvimento no assassinato de Adauto Soares Jorge, ex-diretor da Transunião. Segundo as investigações, Adauto teria sido morto por desagradar o PCC, ao priorizar antigos perueiros e financiar a campanha de Moura.
Boulos, em seus discursos, prometeu revisar os contratos de transporte público da cidade, apontando o envolvimento do crime organizado em empresas como a Transwolff, outra empresa de ônibus. Durante entrevista ao Roda Viva, o candidato afirmou que as investigações também envolvem figuras ligadas ao atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), mas negou qualquer relação com possíveis envolvidos em sua campanha.
Depoimentos obtidos em março de 2024 reforçam a influência de Senival Moura sobre a Transunião, mesmo sem ele atuar formalmente na empresa. E-mails apreendidos pela polícia mencionam o vereador e seus “carros”, apontando para sua ingerência nos negócios da companhia. Uma das mensagens, enviada por uma funcionária de recursos humanos, fala de um desconto concedido a pedido de Moura. Outro e-mail, intitulado “Carros do Senival”, faz referência a veículos ligados ao vereador.
Documentos revelam ainda que a Transunião pagava mensalmente ao PCC pelo menos R$ 70 mil, e que Senival era chamado de “velho” ou “vereador” em diálogos entre membros da facção criminosa. A investigação também apura o uso da empresa para lavagem de dinheiro destinado a familiares de Marcola, líder do PCC.
Senival Moura, que preside a bancada do PT na Câmara Municipal, inicialmente se opôs ao apoio do partido à candidatura de Boulos, mas passou a integrar a campanha, especialmente em sua base eleitoral na zona leste. Em nota, a equipe de Boulos afirmou que o vereador não exerce funções dentro da campanha e reiterou o compromisso de combater a infiltração do crime organizado na gestão municipal, prometendo revisar todos os contratos de transporte público.