O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), revelou que o Partido dos Trabalhadores (PT) condicionou seu apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Casa em troca de uma vaga futura no Tribunal de Contas da União (TCU). Em entrevista à Folha de S. Paulo, Lira explicou que o PT reivindica historicamente essa posição, nunca tendo conseguido emplacar um representante no TCU, mesmo em tentativas passadas.
“Acho que é lícito, mas (ainda) não tem a vaga. Se houver, o PT solicitou, sim, a indicação da bancada deles. Eles reclamam politicamente que nunca tiveram um representante no TCU e, quando tiveram candidatos, não tiveram êxito no plenário, que é a segunda etapa”, afirmou Lira.
A articulação para unir apoio em torno de Hugo Motta tem sido intensa. Lira, que possui influência significativa na Câmara, conseguiu até o momento o apoio de nove partidos, incluindo o PT e o PL, rivais no cenário político, além de MDB, PP, Podemos, PV, PCdoB e União Brasil. No entanto, o União Brasil ainda discute internamente se manterá a candidatura de Elmar Nascimento (União-BA), que declarou que segue na disputa apesar das dificuldades.
Mesmo sem a confirmação do União Brasil, Motta já tem o apoio de 323 deputados, número bem acima dos 257 votos necessários para vencer a eleição. A disputa será decidida em fevereiro de 2024.
Lira destacou a relação de diálogo que mantém tanto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Em todas as oportunidades que o presidente Lula pôde falar, disse que eu teria a preferência de conduzir a minha sucessão. Sempre tivemos conversa boa. Da mesma forma como eu mantenho com o ex-presidente Bolsonaro”, afirmou.
Ele também comentou as críticas feitas por Elmar Nascimento, que o acusou de deslealdade por apoiar Motta. Lira minimizou as declarações e afirmou que trabalhará para superar o desentendimento. “Vou trabalhar muito para terminar essa jornada com todos os partidos organizados e continuar conversando. Tem tempo e tem espaço”, afirmou.
Sobre uma possível reforma ministerial para acomodar o centrão, Lira preferiu não se aprofundar, mas deixou claro que o Progressistas (PP), seu partido, sente que tem uma participação menor no governo Lula do que seria esperado. “O governo é do presidente Lula”, declarou, indicando que a decisão sobre eventuais mudanças cabe ao presidente.