O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), negou ter conhecimento sobre o plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes (STF). O depoimento ocorreu nesta terça-feira (19), na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília, como parte da Operação Contragolpe.
Cid foi convocado após a prisão de cinco suspeitos, incluindo quatro militares e um policial federal, acusados de integrar uma organização que planejava atentados contra autoridades em 2022. As acusações se baseiam em documentos e dados recuperados de dispositivos eletrônicos, inclusive materiais que teriam sido apagados dos aparelhos de Cid com a ajuda de um software israelense.
De acordo com sua advogada, Vania Bittencourt, Cid negou qualquer envolvimento no esquema e afirmou desconhecer a ação. “Ele alegou desconhecimento. (Ele) não sabe mesmo. Desse (caso), ele não participou. O que ele não sabe, não pode dizer”, declarou a advogada após o interrogatório.
Mauro Cid chegou à sede da PF por volta das 14h06, acompanhado por sua defesa. O depoimento começou apenas às 16h, pois o delegado responsável pela investigação estava em deslocamento do Rio de Janeiro para Brasília. Cid deixou o local às 18h51.
A Operação Contragolpe cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e 15 medidas cautelares em vários estados, como Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal. Os principais alvos incluem:
•General da reserva Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro;
•Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, que comandava a 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus;
•Major Rafael Martins de Oliveira, acusado de negociar pagamentos com Mauro Cid para financiar a ida de manifestantes a Brasília;
•Major Rodrigo Bezerra Azevedo;
•Policial federal Wladimir Matos Soares.
Mauro Cid firmou um acordo de delação premiada em setembro de 2023, após ser preso na Operação Venire, que investiga fraudes relacionadas à vacinação contra a Covid-19. Apesar de sua soltura, as autoridades suspeitam que ele possa ter omitido informações relevantes, o que pode impactar a homologação do acordo.
“Ele vai e fala o que sabe. Não tem como inventar. Acreditamos que o acordo vai ser mantido”, afirmou Vania Bittencourt.