Enquanto a Câmara dos Deputados avança no processo de cassação do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), por quebra de decoro parlamentar, ministros do governo Lula apostam que o Supremo Tribunal Federal (STF) pode interferir para salvar o mandato do parlamentar. A justificativa oficial gira em torno da legalidade do processo, mas nos bastidores, o que se desenha é um cenário bem mais político do que jurídico.
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O Conselho de Ética da Câmara já aprovou, por 13 votos a 5, o parecer pela cassação de Glauber. A decisão ainda precisa passar pelo plenário da Casa, onde o Centrão, fiel escudeiro do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já trabalha para consolidar os votos necessários. Mas, segundo ministros com trânsito no Supremo, o STF estaria inclinado a barrar a cassação, não por convicção em favor de Glauber, mas como um gesto de enfrentamento ao próprio Lira.
A disputa é mais pessoal do que institucional. Glauber e Lira vêm trocando farpas públicas há meses, especialmente por conta de denúncias envolvendo o famigerado “orçamento secreto”. Nos bastidores, ministros do STF demonstram crescente incômodo com o poder de Lira, sobretudo diante do controle que o deputado alagoano ainda exerce sobre emendas parlamentares e articulações políticas — inclusive com aliados bolsonaristas.
Para alguns ministros da Corte, a movimentação de Lira para aprovar a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro acendeu o alerta vermelho. A cassação de Glauber, nesse contexto, passa a ser vista não como uma medida de ordem e disciplina institucional, mas como retaliação pessoal arquitetada por quem se sente intocável dentro do Congresso.
Lira, é claro, ameaça processar Glauber pelas insinuações.
Ministros do governo Lula veem nessa tensão uma brecha. Apostam que, ao sinalizar disposição para salvar Glauber, o STF pode emparedar o novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A lógica é simples: se a cassação for derrubada judicialmente, abre-se um precedente perigoso para o Legislativo, que passaria a ter seus atos revisados cada vez mais frequentemente pelo Judiciário. Um desgaste que ninguém quer bancar.
“Se o STF derruba a cassação, abre-se um precedente de revisão dos atos da Câmara. O Hugo é inteligente. Vai medir bem os passos”, disse, sob reserva, um ministro de Lula ao site Metrópoles, como quem avisa que a pressão já começou.