Após sete meses de investigações, o Ministério Público Federal afirma que identificou práticas ilícitas na compra de veículos blindados pela Polícia Rodoviária Federal, durante o governo de Jair Bolsonaro. Entre os anos de 2019 e 2022, foram gastos pelo menos R$ 94,96 milhões nessas aquisições. Para o MPF, além do montante ser expressivo para esse curto intervalo de tempo, outros indícios comprometem a transparência e a justiça no uso dos recursos públicos. 
Os veículos foram adquiridos sem licitação da empresa americana Combat Armor Defense do Brasil, que pertence a Daniel Beck, conhecido apoiador do ex-presidente americano Donald Trump e que esteve em Washington durante a invasão ao Capitólio, em janeiro de 2022. De acordo com o MPF, a empresa realizou transações significativas e manteve contratos extensos com várias entidades governamentais brasileiras, o que adiciona uma dimensão internacional ao caso, enfatizando a necessidade de cooperação jurídica transnacional.
A investigação do MPF também aponta para a participação de agentes públicos e privados brasileiros em uma complexa rede de atividades ilícitas, que inclui fraudes em licitações, possíveis práticas de corrupção ativa e passiva; lavagem de dinheiro; e formação de quadrilha.
O MPF classifica as descobertas como críticas e destaca uma preocupante vulnerabilidade nos sistemas de governança e licitação, exigindo uma resposta imediata e determinada por parte das autoridades competentes.
As descobertas serão detalhadas em uma coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (21), mas o MPF adiantou que as revelações ilustram um esquema elaborado que envolveu não só o uso indevido de recursos públicos, como também minou a confiança da população na integridade de instituições governamentais essenciais.
