Em declarações aos jornalistas antes de uma arruada em Aveiro, no nono dia da campanha para as europeias de domingo, o presidente do Chega indicou que o partido “pretende levar à Assembleia da República estes diplomas, para uma discussão mais aprofundada sobre este tema”.
André Ventura defendeu que “a questão da imigração não deve ser discutida desta forma, não deve ser apressada desta forma e não deve ser definida em decreto-lei de forma atabalhoada”.
“Porque entendemos que este projeto fica muito aquém do que devia ir, e sem prejudicar alguns aspetos particulares, e não obstante a promulgação do senhor Presidente da República, nós entendemos que devemos levar à discussão do parlamento”, sustentou.
O líder do Chega desafiou os restantes partidos a fazerem “um debate construtivo sobre imigração”, para que o parlamento possa “rapidamente ter um pacote, esse sim, sério, não este, que é uma fantochada, que é um artifício, para apresentar ao país”.
“Ouvi Pedro Nuno Santos durante esta tarde dizer que Marcelo Rebelo de Sousa estava errático e instável, mas não disse nada mais, não disse o que ia fazer, não nos disse que medidas ia tomar”, criticou.
Ventura voltou a criticar as medidas anunciadas pelo Governo na segunda-feira, considerando que não se trata de “um programa de controlo da imigração”, e disse esperar que “o Governo aceite mudanças significativas neste pacote”.
“O próprio cabeça de lista da AD reconheceu que isto não é um programa para limitar a imigração”, assinalou, referindo que o primeiro-ministro comprometeu-se com essa medida.
Ao lado de André Ventura, o cabeça de lista do Chega disse pensar “exatamente da mesma maneira” do líder do partido.
“Não está à espera que eu discorde minimamente daquilo que o nosso presidente disse. É que eu não discordo nem uma linha”, afirmou.
Também em declarações aos jornalistas, o antigo embaixador indicou que “toda a vida” atribuiu “vistos Schengen, que têm um processo preparatório relativamente à concessão desses próprios vistos” e que “de repente abrem as portas” e a polícia passa “vistos excecionais” no aeroporto, nomeadamente os vistos de validade territorial limitada (VVTL).
António Tânger Corrêa disse que o Governo “não está a inventar nada” e “o que se fez é pura e simplesmente cumprir a lei”.
“Grande coisa que é preciso um contrato de trabalho para ter um visto de trabalho. Já existe, sempre existiu, até ao momento em que isso acabou e que passaram a dar vistos no aeroporto”, indicou.
O primeiro candidato do Chega ao Parlamento Europeu disse que “são milhares” aqueles que entram em Portugal com estes vistos.
“Basta ver quantas pessoas estão na rua, quantas pessoas estão sem ser legalizadas”, argumentou.
Quanto aos dados divulgados sobre o número de vistos concedidos, Tânger Corrêa afirmou que “a PSP não está a mentir, a PSP provavelmente, sob pressão política, está a dizer aquilo que não devia”.
Essa alegada pressão, disse, é do executivo, “principalmente do Governo que acabou”.
“Só que Montenegro e este Governo não está a saber lidar com o assunto, está com medo. Como é um Governo do bloco central, Luís Montenegro, como desde o princípio não quer o apoio do Chega, vai buscar o apoio ao PS em vários assuntos”, criticou.