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Falta de transparência em Leilão de Arroz Importado agrava tensão no Governo Lula

Falta de transparência em Leilão de Arroz Importado agrava tensão no Governo Lula


Em um cenário de crescente tensão política e risco de escândalo, membros do governo e representantes das áreas jurídica e de controle se reuniram nesta segunda-feira, 10, em Brasília, para tratar do conturbado leilão para a compra pública de arroz importado. O encontro contou com a presença dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), além do presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, e do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias. Um encontro adicional estava agendado com a Controladoria-Geral da União (CGU).

Fontes do Planalto indicam que esses encontros têm como objetivo lidar com o impacto das denúncias de irregularidades e definir ações futuras, incluindo a possível exoneração de servidores envolvidos. A questão foi judicializada após deputados de oposição ao governo Lula solicitarem a suspensão dos leilões programados para a importação de arroz, alertando para um “aumento significativo” no preço do grão após as chuvas no Rio Grande do Sul. No dia 5 de junho, a Justiça Federal em Porto Alegre suspendeu a negociação, mas a União recorreu, e a liminar foi derrubada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

O primeiro leilão, realizado em 6 de junho, evidenciou a falta de transparência do processo, com o governo adquirindo 263.730 toneladas das 300.000 toneladas planejadas. A divulgação dos vencedores gerou indignação, pois entre as empresas selecionadas estavam um mercado de bairro especializado em queijos, um fabricante de sorvetes e uma locadora de carros. A situação piorou com a revelação de que duas empresas fundadas em 2023 por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor de Neri Geller, intermediaram a venda de 44% do arroz importado, totalizando 580 milhões de reais.

Robson França, que atualmente lidera a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso e corretoras de grãos, foi assessor de Neri Geller na Câmara dos Deputados. Ele é também sócio de Marcelo Piccini Geller, filho de Neri Geller, em outra empresa. As conexões suspeitas colocaram Thiago dos Santos, diretor de Operações e Abastecimento da Conab, e Neri Geller sob intensa pressão. Em entrevista à VEJA, Geller negou qualquer irregularidade, afirmando não ter mais relação com França desde 2020. Ele reafirmou sua posição em reunião com o ministro Carlos Fávaro, declarando estar “tranquilo” quanto à repercussão do caso e que não está “apegado ao cargo”.

Em resposta à crescente polêmica, a Conab anunciou que convocaria as Bolsas de Mercadorias e Cereais para comprovar a capacidade técnica e financeira das empresas vencedoras dos lotes no leilão de arroz importado. Para participar do leilão, a empresa interessada precisa estar qualificada por uma das treze bolsas habilitadas pelo Ministério da Agricultura. “A transparência e a segurança jurídica são princípios inegociáveis e a Conab está atenta para garantir segurança jurídica e solidez nessa grande operação”, afirmou Edegar Pretto.

No entanto, as medidas anunciadas parecem insuficientes diante da gravidade das denúncias. A falta de clareza no processo de seleção das empresas e as conexões pessoais entre os envolvidos sugerem uma gestão questionável e comprometida por conflitos de interesse. O governo planeja realizar outros leilões, com a expectativa de comprar até um milhão de toneladas de arroz, a um preço tabelado ao consumidor de 5 reais o quilo, mas a desconfiança quanto à transparência e à ética dessas operações coloca em xeque a credibilidade do Planalto.

Com a opinião pública e a oposição de olhos atentos, a administração Lula enfrenta um desafio crucial: restaurar a confiança em suas ações e demonstrar um compromisso real com a transparência e a integridade. Caso contrário, o leilão de arroz importado pode se tornar um símbolo das falhas e da falta de responsabilidade no governo.



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