O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou, nesta quarta-feira (19), a taxa Selic em 1 ponto percentual, atingindo 14,25% ao ano. A decisão, unânime, marca o maior nível da taxa básica de juros desde outubro de 2016 e reforça a postura de aperto monetário diante das pressões inflacionárias.
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Este é o quinto aumento consecutivo dos juros e o segundo sob o comando de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central. A alta já era esperada pelo mercado e segue a orientação do Copom, que havia previsto novos aumentos em sua última reunião, em dezembro.
O endurecimento da política monetária teve início em setembro do ano passado, após o BC identificar incertezas no cenário econômico, inflação resistente e expectativas desancoradas. Desde então, a Selic subiu gradativamente, passando de 10,5% em maio de 2024 para os atuais 14,25%.
No comunicado desta quarta-feira, o Banco Central destacou que as decisões futuras dependerão da evolução da economia, mas já antecipou uma nova alta dos juros em maio, embora de menor intensidade.
O BC também apontou preocupações com o cenário internacional, especialmente com a política econômica dos Estados Unidos. O comunicado citou, de forma inédita, as incertezas sobre tarifas comerciais propostas por Donald Trump e seus possíveis impactos na inflação global.
No cenário doméstico, a autoridade monetária mencionou uma “melhora incipiente” na atividade econômica, mas reforçou que a inflação segue pressionada. Entre os principais riscos para o avanço dos preços, o Copom listou:
- Desancoragem das expectativas de inflação por um período prolongado;
- Inflação de serviços mais resiliente do que o previsto, impulsionada pelo aquecimento do mercado de trabalho;
- Impactos combinados da política econômica interna e externa, incluindo uma possível desvalorização persistente do câmbio.
A decisão do Copom ocorre em meio a um cenário de pressão inflacionária e dúvidas sobre o compromisso fiscal do governo federal. A recente adoção de medidas para estimular o consumo, como a liberação do saque-aniversário do FGTS e a ampliação do crédito consignado, tem gerado preocupações no mercado sobre seus efeitos na inflação.
Segundo o último Boletim Focus, o mercado projeta que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre 2025 em 5,66% e 2026 em 4,48%, ambos acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O IPCA de fevereiro registrou alta de 1,31%, o maior patamar para o mês desde 2003, elevando a inflação acumulada em 12 meses para 5,06%, acima dos 4,56% registrados no período anterior.