A destruição do prédio do Supremo Tribunal Federal causou mais prejuízo aos cofres públicos do que os estragos feitos ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional. Mesmo o prédio do STF sendo menor.
De acordo com o relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de janeiro de 2023, os danos ao prédio do Supremo, incluindo equipamentos, mobiliário, obras de arte, relíquias e outros objetos, custaram aos cofres públicos R$ 11,4 milhões, bem acima do valor no Senado Federal, que foi R$ 3,5 milhões, na Câmara dos Deputados que custou R$ 3,550 milhões e no Palácio do Planalto que os prejuízos foram de R$ 4,3 milhões.
Para o jornalista especializado no Poder Judiciário, Felipe Recondo – autor e coautor de três livros sobre o STF – os ataques de ódio dirigidos à Corte têm lastro nos quatro anos de confrontações provocadas pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro.
“Se construiu uma retórica, que muita gente repetia, de que o Supremo não deixava o seu projeto de governo seguir. Como se o Supremo não tivesse a função de resguardar a Constituição e a Democracia também e impor algumas derrotas ao governo estaria impedindo ele, Bolsonaro, de governar. Da campanha que Bolsonaro fez em relação ao Supremo. E aí foram os 4 anos, né?”, analisa.
O jornalista ainda destaca que os ataques de Jair Bolsonaro contra a Corte e a Constituição durante todo o mandato, bem como os incidentes do 8 de janeiro, tiveram por efeito colateral unir os ministros do STF em defesa da instituição.
“De fato, o ataque que Bolsonaro passou a fazer ao Supremo fez com que os ministros se unissem numa defesa institucional. Tanto que, nesse período todo, nós não vimos conflitos internos como víamos no passado. E os ministros passaram, inclusive, a conversar sobre reações institucionais, fizeram reuniões, formais e informais, para saber como reagiriam àquelas ameaças, e mantiveram, durante esses últimos 4 anos, uma unidade institucional que a gente pouco viu no passado”, afirma Recondo.
Por outro lado, o jornalista aponta que, apesar da vitória institucional, o STF vai ter que trabalhar para recompor sua imagem.
“Conseguir reverter essa ideia, também na sociedade, de que responsável, por exemplo, pelos problemas que Bolsonaro teve para governar. Existe uma parcela relevante da sociedade, as pesquisas mostram isso, que passaram a desconfiar muito fortemente do Supremo. E o Tribunal tem esse desafio agora”, pondera.
Felipe Recondo acredita que haverá condenação e castigo no inquérito sobre o 8 de janeiro.